
A transgenia e os alimentos transgênicos têm estado sob o foco midiático nos últimos anos. Não só por abordar questões políticas, como as práticas agressivas de empresas multinacionais e os efeitos da globalização, mas também pelas aplicações ambientais que as plantas geneticamente modificadas podem trazer. Seja lá como for, uma abordagem escrupulosa deve-se basear primeiramente em questões científicas, para depois ser discutida sob o âmbito político-econômico.
Um dos argumentos utilizados por ativistas contra os transgênicos é a alegação de que não são naturais, que foram criados geneticamente pelo homem e que exemplares naturais não existiriam. Há, contudo, uma deficiência na argumentação usada por esses manifestantes, visto que a grande maioria das variantes alimentícias consumidas pelo ser humano moderno sofreram seleção antrópica em algum estágio de sua vida. Assim, grãos como o milho conhecido hoje diferem em demasia de seu ancestral de grãos miúdos e secos, que mal serviriam de alimento para uma família de homens primitivos. A alegação, portanto, de que os transgênicos não são naturais é inocente por desconsiderar o fato de o Homo sapiens já ter modificado geneticamente seu alimento, via seleção artificial, desde o advento da agricultura no período Neolítico.Outra tese pouco justificada é a de que os transgênicos provocarão um desastre ambiental com o surgimento de "superervas daninhas". A preocupação, nesse caso, é a de que as pragas assimilem parte do genoma das plantas que parasitam e tornem-se mais resistentes aos defensívos agrícolas. Essa justificativa, porém, é também frágil por desconsiderar a seleção natural e todo processo evolucionista, que invariavelmente cria orgaismos resistentes, independentemente da presença ou ausência de plantas transgênicas. Com a aplicação de uma pesticida, por exemplo, o agricultor seleciona as variantes da praga que são resistentes àquele agrotóxico e garante a formação de uma linhagem de organismos mais bem adaptados à lavoura, o que economicamente não é bem-vindo. Ademais, a despeito de gerar também pragas resistentes, os transgênicos evitariam a aplicação de agentes poluentes como o DDT ou Defensivos Agrícolas Organofosforados nas lavouras.
Em suma, para obter-se uma abordagem lúcida a respeito dos transgênicos, uma análise científica, desprovida de influências político-econômicas deve ser feita. Assim, argumentos como os utilizados por manifestantes diversos devem ser analisados sob a óptica da ciência e distante de opiniões tendenciosas, marcadas por seu cunho pseudo-científico.
blog?
ResponderExcluirgostei mano!