
Existem duas maneiras de analisar-se as estrelas: como elas realmente são e como nós gostaríamos que elas fossem. A primeira forma é feita através do escrutínio imparcial da ciência, marcada pelo empirismo e dotada de ferramentas criadas para entender-se o funcionamento do cosmos. Já a segunda maneira é caracterizada por uma ótica supersticiosa, desporovida de qualquer experimentalismo e que postula um universo conectado a nós, capaz de atuar diretamente sobre nosso futuro amoroso, social e financeiro. Mesmo após 300 anos desde que as últimas fundações intelectuais baniram o estudo astrológico, é comum encontrar-se nos jornais, revistas e outras ferramentas da mídia impressa horóscopos e outras citações de astrologia. O homem tem a necessiadade de confortar-se com a idéia de um universo não-alheio a sua existência, de que tudo está conectado, por isso cria significados cósmicos para sua vida. De fato há uma conexão entre os habitantes da Terra e o restante do universo, mas nada simplista como postula a astrologia pré-copernicana, nada enfadonho e deselegante como propõem os astrólogos. A ciência pelo contrário explica como o sol exerce papel fundamental em nossa existência, seja fornecendo energia aos vegetais e indiretamente a nós, ou proporcionando um clima oportuno à vida terrestre. Usar a astrologia para explicar o funcionamento do universo, como bem comparou Richard Dawkins, é como usar Beethoven em jingles comerciais, uma afronta estética. Além da deselegância das previsões astrológicas, casos típicos como o de gêmeos nascidos no mesmo momento (ou com minutos de diferença) provam a ineficácia da pseudo-ciência. Os dois bêbês nesse caso, teriam nascido quando um mesmo astro ou constelação estava em ascendência, o que implica em um traçado de vida semelhante. Contudo, é bem pouco provável que esses dois indivíduos morrerão da mesma forma, visto que um deles poderá morrer em um acidente rodoviário enquanto o outro poderá morrer de alguma doença geriátrica, por exemplo. Convém também dizer o que a princípio parece inofensivo, é na realidade preocupante, visto que em pleno século XXI é ainda comum nas livrarias os livros de astrologia serem vendidos mais que os de astronomia. Após termos percorridos um caminho histórico tortuoso, marcado por inquisições, misticismo e religiosidade, ainda defrontamo-nos com charlatanismos pseudo-científicos, claramente oportunistas e que não resistem a uma análise lúcida dos fatos.
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